Sexta-feira, 12/09, das 18h às 22h
Sábado, 13/09, das 17h às 22h
Domingo, 14/09, das 17h às 22h
Apoio
O Porto Alegre em Cena convidou o Festival Reside para fazer parte de sua programação, retomando uma parceria teatral histórica entre as duas cidades - Porto Alegre e Recife. Em maio deste ano, Monina, Celso, Paula e Wesley estiveram na cidade para dar início às conversas com os gaúchos. O território escolhido foi o Centro Histórico. Duda Custódio, artista e morador do bairro, é o embaixador que articula a relação com a vizinhança, juntamente com Sandra Possani, atriz e diretora teatral.
É dada a largada ao processo de criação do conteúdo da ocupação Reside Alegre. Promove-se então a escuta aos vizinhos e artistas locais que estarão envolvidos na ação. Escuta que permanece aberta até o momento da finalização dos conteúdos que serão apresentados ao público.
Foram colecionadas histórias de amor, morte, sexo, luta, superação e solidariedade, sempre envolvendo os moradores, seus antepassados, suas memórias. A partir dessas histórias, foram sendo construídas ações artísticas envolvendo vizinhos – artistas ou não – e convidados da comunidade artística, que serão apresentadas ao público, integrando a programação oficial do 32º Porto Alegre em Cena.
No Reside Alegre, teremos a ativação e abertura de alguns espaços privados e suas histórias, criação de coreografia do cotidiano à partir da circulação de vizinhos nas ruas e nos espaços públicos, espaço para discussão sobre cidadania e enfrentamento de dificuldades geradas pelas mudanças climáticas, e o mais importante, celebração da vida através de dispositivos cênicos.
Distribuição de senhas gratuitas na sede do Reside Alegre - Rua Demétrio Ribeiro, 395
Ações e Apresentações nos arredores da Rua General Cypriano Ferreira com Rua Demétrio Ribeiro - Centro Histórico

Fotos Kiko Coelho/Grupo Kad



12/09 - 18h30 às 19h,
SERENATA MATAPACO
Criada em 2024, a fanfarra Cumbiera Matapacos mistura ritmos e gêneros em interpretações que vão do popular ao clássico. A cumbia, por essência, é flexível e mutável, adaptando-se a cada região - da flauta andina, passando pelas frases complexas caribenhas, até os sintetizadores nas villas argentinas. Em Porto Alegre, essa reinvenção é contínua: o samba vem com a cumbia, a salsa, o ska e o reggae. Ser cumbiero é se reinventar para reivindicar um espaço e uma história. O Brasil é, querendo ou não, América Latina.
Com o Grupo Fanfarra Cumbiera Matapacos - Laura de Campos Farezin, Mateus Zelmanowicz Sanvitto, Lucas Alves de Lacerda, Antonia Mello Demarco, Bianca Oliveira Rubim, Larissa Urruth Pereira, Tanise Medeiros, Pedro Lunaris, Anna Carolina Capra, Moreno Brasil Barrios, Geórgia Souza Schilling, Shana Sudbrack, Adrielle Chiesa, Camila Tochtrop do Nascimento, Caroline Gross Grüne, Giovani Luiz Teló Bertolazi, Júlia Ribeiro Vanoni, Thalles Matos da Silva, Vitor Lacerda Lima, Bruno Moura Blum, Luis Eduardo Rocha Puiatti, Stella Rosa Michalski, Matheus Lourenço da Silva, Lauren Pietta Abrão, Felipe Muller Brenner, Daniel Vilasboas Slomp, Karine Krug, Laura Fernandes Schenkel, Ágata Prates Pedroso, Gladis Amorim, Déborah Lacerda, Valentine Soares Piagetti e Pietro Goidanich. Foto: Divulgação.

13/09 - 18h às 19h,
CHULA E CHIMARRÃO
Uma pausa para um mate. No compasso da música ao vivo o público se reúne para compartilhar o chimarrão e se deixar levar por clássicos da música gaúcha. Milonga, rancheira, pezinho, chamamé, zamba e inclusive a chula com o sapateado. Tudo isso na rua, transformando o espaço urbano em roda de convivência e celebração dos ritmos gaúchos.
Chula: Emily Borghetti | Piano: Dionara Fuentes | Foto: Acervo pessoal Emily Borghetti

14/09 - 17h30 às 19h,
PARADA DO ORGULHO CANINO
A Parada do orgulho canino é um encontro de alegria e afeto. Cães e tutores atravessam o Portal do Orgulho Canino para serem apresentados, fotografados e celebrados, com fantasias, mensagens e histórias de amor. O Abrigo do Gasômetro estará presente para divulgar os muitos cachorros que ainda aguardam um lar além de uma feirinha de roupas para pets em seu benefício. Um momento para celebrar a amizade mais antiga: a de humanos e seus cães.
Apresentadores: Ana Cristina Olivera, Eduardo Custodio e Sandra Possani | Fotos: Kiko Coelho | Arte e produção: Júlia Moreira e Eduardo Custodio | Abrigo do Gasômetro: Luisa Sigaran, Cassia Henning, Rafael Hoffmann e Bruna Chiarelli | DJ: Michelle Dutra Jaschek | Estudante da UERGS em residência artística: Júlia Moreira | Foto: Laura Testa

12, 13 e 14/09 - 19h30 às 20h / 20h30 às 21h,
ÁGUAS DO FUTURO
Ao embarcar em um ônibus que não sai do lugar, o público viaja pelas memórias das águas que alagam a cidade e construíram o senso de comunidade. Em uma palestra performativa a moradora Karin de Freitas Correia, engenheira especialista em sustentabilidade, convida a pensar nas águas do futuro.
Vizinha Inspiração, palestrante / performer: Karin de Freitas Correia | Direção e Produção: Jaques Machado | Assistente de Produção: Maurício Franskoviak | Estudantes da UERGS em residência artística: Jaques Machado e Maurício Franskoviak | Foto: Siano

12, 13 e 14/09 - 19h às 19h30 / 21h às 21h30,
O MUSEU DE UM BONEQUEIRO
“O museu de um bonequeiro”, é uma intervenção que acontece entre caixas e bonecos na sede/museu de um bonequeiro. Cada objeto e boneco revela uma história que forjou a vida e obra do bonequeiro. O tempo avança e o museu é a única forma de manutenção da memória de um povo. Quando já não resta mais nada da história dos vizinhos, o que permanece é a conexão realizada a partir dos vizinhos junto a este museu que permanece intacto preservando a memória dos bonecos e dos vizinhos.
Artista vizinho, manipulação, narração e dramaturgia: Paulo Martins Fontes | Direção e dramaturgia: Diego Ferreira | Produção: Eduardo Custódio | Assistente: Tuany Aveline | Estudante da UERGS em residência artística: Tuany Aveline | Foto: Laura Testa

12, 13 e 14/09 - 19h30 às 20h / 20h30 às 21h,
MUITO
Uma mulher aprisionada entre sacolas e roupas veste tudo o que acumula, numa tentativa desesperada de dar sentido ao excesso. Cada camada de roupa transforma-se em armadura e fardo, até que seu corpo se torna oráculo de consumos passados. Ela anuncia a ruína que ninguém quer ouvir: o futuro sufocado pelo acúmulo. Seu corpo vocifera a angústia vivida e profecias ignoradas pelas pessoas que a ignoram. Resta-lhe caminhar coberta de presságios.
Artista vizinha, atuação e direção: Paula Finn | Coperformer e colaboração artística: Luisa Ody | Estudante da UERGS em residência artística: Luisa Ody | Foto: Kiko Coelho / Grupo Kad

12, 13 e 14/09
19h às 19h30 / 19h30 às 20h
20h às 20h30 / 20h30 às 21h
21h às 21h30 / 21h30 às 22h
PELAS PORTAS DA MINHA CASA
As paredes de uma pensão antiga e seus fantasmas contam o que viram e nunca esqueceram. Um jovem brinca de roleta russa. Um estranho barqueiro banha as paredes. Uma jovem enche seu balde de lágrimas. Um hóspede bonitão deixa rastros de desejo, medo e morte. Cada quarto guarda um segredo, um tempo, uma solidão, uma história. A casa fala: testemunha, mãe enlutada, cúmplice, talvez até amante.
Classificação Etária 18 anos
Vizinha inspiradora e participação: Helenise Abad | Dramaturgia: Pedro Bertoldi | Direção: Marcelo Restori | Assistente de direção: Hai El Akkam | Elenco: Laura Marques, Loiva Bock, Rafael Barcellos e João Pedro Corrêa | Voz da casa: Karine Paz | Fantasmas: Gabriela Boccardi, Pedro Sperb e José Renato Lopes | Estudantes da UERGS em residência artística: Hai El Akkam, Laura Marques, Loiva Bock, Pedro Sperb e Rafael Barcellos | Foto: Laura Testa

12, 13 e 14/09- 19h às 19h30 / 21h às 21h30 / 21h30 às 22h
ALEGRIA
Olhe em volta! Essa cidade também é protagonista no ciclo de mudanças na vida das pessoas. Ande devagar e respire nesse audiotour enquanto conhece a Carla, alguém que fez desse bairro um lugar de reconstrução e Alegria.
A ação é uma caminhada e é necessário celular com Wi-fi e Bluetooth
Vizinha inspiração, dramaturgia e locução: Carla Agiova | Direção, produção e edição de áudio: Jaques Machado | Assistente de produção: Maurício Franskoviak | Participação: Alegria | Estudantes da UERGS em residência artística: Jaques Machado e Maurício Franskoviak | Foto: Laura Testa
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12, 13 e 14/09 - 20h às 20h30
FLASH ZAP SHOW
Um grupo de pessoas conectadas por WhatsApp ativa a rua como espaço de escuta, cruzamento, vizinhança e presença coletiva. Em silêncio, respondem a comandos em tempo real: caminham, se ocultam, colapsam, reaparecem. Pequenos gestos em coro criam uma coreografia do comum, em que a comunidade se experimenta como corpo em rede, múltiplo e efêmero. A cidade se torna matéria cênica, e a rede digital, o fio condutor de uma dramaturgia temporária entre tecnologia, corpo e espaço público.
Para participar da ação é necessário celular com Wi-fi e Bluetooth
Direção: Diego Mac. Assistente: Tami Marques | Performers: Estudantes da UERGS em residência artística: Calira da Rosa, Gio Rhoden, Isadora Finger, Jaque Iepsen, Luciano Machado Tomaz, Luisa Ody, Luiza do Carmo, Luz Gonçalves, Mari Wagner, Maya Serra, Mikhail Tietze, Murilo Silveira Barcelos, Otto Sanchez, Richard de Andrade, Thais Dias, Victor Israel, Videl Zuccoloto, Yasmin Faleiro e Yasmin Liess | Intervenção da Cia Claquê | Coreografía: Glenda Duarte e Camila Figueira | Bailarinos: Aline Magalhães, Anne Luyse Boeck, Camila Figueira, Renan Fonseca

12, 13 e 14/09- 19h30 às 20h / 20h30 às 21h / 21h30 às 22h
A VIDA DE VERA EM VESTIDO DE BOLINHA
Num salão de beleza, quase sempre é a cliente que conta seus segredos. Agora é diferente. Na Demétrio Ribeiro 404, VERA, a esteticista que desde pequena enfeitava as unhas de suas bonecas com pétalas, abre sua casa e sua vida pra vizinhança. Enquanto aplica um babyliss ou uma chapinha, transitando entre espelhos, bacias e secadores, compartilha histórias que vão além da estética. Entre risos, confidências e um pouco de música, somos convidadas a mergulhar em seu universo, onde força, beleza e fertilidade se entrelaçam de maneiras profundas e inesperadas.
Direção e roteiro: Adriane Mottola | Vizinha inspiração e participação: Vera Lúcia Pires | Participação: Ivan Lopes Fiori Junior e Giovana Brum Chagas | Atuação: Videl Zuccoloto | Assistente: Luiza do Carmo | Estudantes da UERGS em residência artística: Videl Zuccolotto e Luiza do Carmo | Foto: Laura Testa

12, 13 e 14/09 - 19h às 19h30 / 20h às 20h30 / 21h às 21h30
COMO COZINHAR UM CORAÇÃO
A cidade é feita de gente, segredos e histórias. Entre escadas, portas e um terraço cheio de céu, o condomínio Gustavo Moritz guarda memórias e pedaços de vida. Um casal, uma viagem, sonhos partidos, a fúria de quem não sabe amar. Essa é uma história de amor – ou desamor? Uma história de vida e morte, que contamos ao redor de uma mesa, comendo e brindando ao tempo, entre acordes de canções, luzes coloridas, horizontes da cidade e a fumaça de corações ardendo.
Para participar da ação é necessário subir quatro andares
Vizinha inspiração e anfitriã: Isabel Cristina Weschenfelder | Direção e roteiro: Patricia Fagundes | Elenco: Fernanda Luft e Vini Gomes | Assistente de direção: Fernanda Fiúza | Foto: Kiko Coelho / Grupo Kad
12, 13 e 14/09- 19h às 22h
ÁLBUM DOS VIZINHOS
Projeção fotográfica dos vizinhos em suas casas. Mais do que imagens, são fragmentos de histórias, memórias e identidades que revelam a essência e a diversidade da vizinhança. Ao iluminar o cotidiano com arte, a ação fortalece laços comunitários e celebra o encontro entre pessoas e o território que habitam.
Vizinho artista / Fotos: Kiko Coelho / Grupo Kad | Edição: Beatriz Souza e Adriana Vargas / Grupo Kad | Coordenação: Eduardo Custódio
12, 13 e 14/09- 19h às 22h
ANIVERSÁRIO RUSSO
Aniversário Russo é uma performance de vídeo mapping que acompanha os últimos momentos de um jovem que decide comemorar mais um ano de vida de forma extrema. Você é nosso convidado pra essa festa macabra entre a vida e a morte.
Criação: Isabel Ramil | Dramaturgia: Pedro Bertoldi
12, 13 e 14/09- 19h às 22h
FACHADAS DO PASSADO (banners)
e SENSO DE COMUNIDADE (mapa)
Um morador que ilustra a vida, trabalha com isso e viveu as águas de maio de 2025 junto a sua casa, família e vizinhança não poderia deixar de ilustrar o que viveu. Mais do que as ilustrações que já foram feitas, o mapa da vizinhança mostra que o Reside pode e deve ser alegre, mesmo quando há coisas que a água levou e outras que ela deixou. O ilustrador, morador e trouxe para o Reside Alegre sua arte que pode ser vista no mapa e nos painéis da esquina da Cipriano Ferreira com a Demétrio Ribeiro.
Criação: Rafa Porto

RESIDÊNCIA ARTÍSTICA
Projeto de Extensão do curso de Graduação em Teatro da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, coordenado pelos professores Carlos Mödinger e Jezebel de Carli.
Além das apresentações teatrais, a formação artística constitui um eixo fundamental do projeto. Alunos do curso de Graduação em Teatro da UERGS integram-se de forma prática e intensiva a todas as etapas de ativação comunitária, bem como aos processos de produção e criação das ações. Essa participação possibilita uma vivência ampliada, marcada pelo intercâmbio com os idealizadores do Reside Alegre e com artistas da cena local, que atuam em distintas áreas da prática teatral, como dramaturgia, encenação, sonoplastia, direção e direção de arte, entre outras.
A Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) é uma instituição pública de ensino superior fundada em 2001. Com 23 unidades universitárias organizadas em 7 campi regionais, oferece cursos gratuitos de graduação — nas modalidades bacharelado e licenciatura — e de pós-graduação, abrangendo especialização, mestrado e doutorado. Sua atuação está estruturada em três grandes áreas do conhecimento: Ciências Humanas; Ciências Exatas e Engenharias; e Ciências da Vida e do Meio Ambiente.
Além do ensino, a UERGS desenvolve uma ampla gama de atividades de extensão de caráter educativo, cultural e científico, como cursos, eventos e oficinas, fortalecendo a integração e a troca de saberes com as comunidades.
Em seu compromisso com a inclusão e a equidade, a Universidade reserva 50% das vagas de graduação para pessoas economicamente hipossuficientes — contemplando a população negra e indígena, conforme dados do IBGE referentes ao estado do Rio Grande do Sul — e destina 10% das vagas a pessoas com deficiência.
AGRADECIMENTOS
Vizinhos da região das ruas Gen. Cipriano Ferreira e Demétrio Ribeiro, Curso de Graduação em Teatro da UERGS, UERGS - Universidade Estadual do Rio Grande do Sul , Alunos do curso de Graduação em Teatro da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), Abrigo do Gasômetro, Adriana Vargas, Adriane Mottola, Beatriz Souza, Bruna Ferreira, Carla Agiova, Cássio Tomazi / Brick Centro Histórico, Diego Ferreira, Diego Mac, Elaine Gonçalves, Emily Borghetti, Fernanda Fiúza, Fernanda Luft, Gabriela Boccardi, Grupo Fanfarra Cumbiera Matapacos, Grupo Kad, Helenise Abad, Isabel Cristina Weschenfelder, Isabel Ramil, José Renato Lopes, Juliano Machado, Karin de Freitas Correia, Karine Paz, Karla Janaina Job Mourão, Kiko Coelho, Marcelo Restori, Michele Dutra Jaschek, Patricia Fagundes, Paula Finn, Paulo Martins Fontes, Pedro Bertoldi, Professor Carlos Mödinger, Professora Jezebel de Carli, Rafael Porto, Vera Lúcia Pire, Vini Gomes e Wallace de Ávila Duarte.
RESIDE
CELEBRAÇÃO COMUNITÁRIA
Em 2019, no FIBA – Festival Internacional de Buenos Aires, os curadores Paula de Renor e Celso Curi conhecerem o Bombón Vecinal, experiência cênica realizada em uma quadra do bairro de Abasto, idealizado por Monina Bonelli (Teatro Bombón), em parceria com Cristian Scotton e Sol Salinas. A proposta, marcada pelo caráter comunitário e pelo deslocamento do teatro para dentro do tecido urbano, revelou-se como um potente disparador artístico: transformar um quarteirão inteiro em território de criação, convocando artistas e moradores para cocriar narrativas e apresentá-las em espaços inusitados — casas, ruas, bares, praças, igrejas — ressignificando o cotidiano e fazendo da vizinhança um cenário vivo.
Anos depois, essa inspiração desembarcou em Recife. Em sua 5ª edição, realizada em 2025, do RESIDE.FIT/PE – Festival Internacional de Teatro de Pernambuco convidou Monina Bonelli para, junto a Paula de Renor e Celso Curi, conceber o Reside Amaro, uma edição especial inteiramente dedicada à imersão em um território específico da cidade. O espaço escolhido foi uma “Vila” no bairro de Santo Amaro, cuja configuração urbana remonta ao período industrial.
A partir de um processo de mediação e ativação cultural, moradores e artistas locais foram convidados a compartilhar experiências, memórias e histórias pessoais, que se transformaram em pequenas dramaturgias encenadas em espaços do bairro. As fronteiras entre palco e vida dissolveram-se: casas se tornaram teatros íntimos; bares, pontos de encontro dramatúrgico; praças, arenas coletivas; ruas, passagens performativas. O público, ao percorrer esses lugares, transitava também entre tempos, vozes e perspectivas, experimentando a cidade não apenas como espectador, mas como cúmplice de sua reinvenção.
O Reside Amaro afirmou-se, assim, como uma experiência artística provocadora e inovadora, reafirmando o compromisso do festival em aproximar o teatro da cidade, tensionar suas fronteiras, ativar espaços de convivência e promover a circulação de afetos e saberes. Mais do que um evento, constituiu-se como gesto político e poético de encontro: entre vizinhos, entre culturas e entre territórios.
O PROCESSO
O primeiro passo para a construção das obras e ações do festival é um processo imersivo e intenso. A articulação com o território acontece por meio de uma mediação local coordenada por Monina Bonelli, do Teatro Bombón de Buenos Aires, idealizadora do projeto. Essa etapa inclui o mapeamento da área escolhida e a aproximação com agentes culturais e membros da comunidade que se identificam com a proposta e a fortalecem. Nesse contexto, um(a) morador(a) é escolhido(a) para atuar como Embaixador(a) do bairro, figura essencial na conquista e no envolvimento dos vizinhos.
A integração da comunidade se dá por meio de atividades artísticas, lúdicas e sociais: lanches na sede do projeto, entrevistas, rodas de conversa, sessões de cineclube na calçada e a criação de um álbum fotográfico coletivo com registros dos moradores. Tudo isso constitui o ponto de partida do processo criativo.
Em paralelo, ocorre o encontro com artistas locais e convidados – dramaturgos, encenadores, atores, cenógrafos, performers, figurinistas – que colaboram a partir da escuta do território. As obras nascem desse diálogo e buscam abordar temas e questões que se conectam de maneira sensível com os espaços e realidades da comunidade. Espaços não convencionais, sejam eles públicos ou privados – casas, locais de trabalho, ruas, praças, bares – transformam-se em palcos de poesia e criação. Trata-se de um processo intensivo, que exige dos moradores um envolvimento profundo, mas de curta duração, o que torna sua realização viável e impactante, ao mesmo tempo em que transforma temporariamente o cotidiano da vizinhança. Lares se convertem em pequenos ambientes cênicos e o bairro como um todo passa a ser um palco vivo, a ser explorado e ressignificado.
Na segunda etapa, as obras e ações são apresentadas dentro do formato de festival: cada criação é exibida três vezes por dia, durante três dias consecutivos, em apresentações simultâneas, com duração de trinta minutos cada. O público pode montar seu próprio percurso diário com a ajuda de um folder/mapa que indica os locais, dias e horários das apresentações. Guias e recepcionistas auxiliam os espectadores, incluindo pessoas com deficiência.
Monina Bonelli, Paula de Renor, Celso Curi e Wesley Kawaai